sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Lisboa... Lisboa....

É incrivel a multipicidade de etnias que domina as áreas por onde passo para ir trabalhar... ainda mais incrivel é a separação das águas quando se passa do Martim Moniz para a Avenida da Liberdade.

Todos os dias ao passar pelo Martim Moniz em direcção á Av. da Liberdade vejo as duas faces da moeda, a Lisboa triste e pobre e a Lisboa feliz e rica.

Pois bem, Para quem é lisboeta decerto se apaercebeu de que tipo de pessoas habitam e trabalham na zona da Mouraria\Martim Moniz; são chineses, africanos, ciganos, indianos, paquistaneses, até ucranianos já la tenho visto! Como se não bastasse a etnicidade "explosiva" ainda temos os sem-abrigo e os drogados que se limitam a existir apenas naquela rua! Tudo isto sobre o olhar conivente da esquadra da PSP que simplesmente ja deve ter vivido melhores dias dos que vive hoje! Não estou aqui a criticar mas apenas a salientar que se há sitios visualmente desgradaveis em Lisboa, o Martim Moniz é um deles... resta-nos a consolação de pelo menos sabermos que se algum dia precisar-mos de algum aparelho eléctrico (desde o depilador das orelhas até ao aquecedor de almofadas) temos lá de tudo. É melhor que a feira da ladra.

Após aquele horrendo espectáculo temos o imponente Hotel Mundial que infelizmente tem de conviver os seu dia-a-dia entre putas e drogados, entre chulos e chulados! Que mal fadado destino! Aqui no Hotel Mundial é cómico como vemos alguns turistas abismados (enojados) com a já referida etnicidade subjacente! Mas não é de turistas que hoje vos falo é dos espaços e de quem os ocupa. Como referia o Hotel Mundial servindo-se da sua oponência estrutral serve quase como de muralha ou de bastião entre estas areas tão distintas e tão vizinhas!

Passando o Hotel Mundial temos duas opções, a Praça da Figueira ou a famosa Rua Barros Queirós que não passa apenas de um filamento (bem congestionado diga-se), de um pequeno atalho para se chegar perto do Teatro D.Maria II.

Optemos pela Rua Barros Queirós que faz parte do meu percurso habitual e ao chegar ao fim da mesma deparamo-nos com mais de uma centena de africanos que lá passa o dia agrupados aos magotes fazendo daquele espaço o seu ponto de encontro favorito. Não vejo mal nenhum nisso, mas todos os dias me interrogo: "Quantos destes gajos é que estão legais no nosso país? Quantos destes gajos é que trabalha? Afinal parecem-me passar aqui o dia todo!"Serão legitimas estas perguntas?

No entanto e após passarmos por este pedaço de África em solo português, temos novamente 2 opções... A Rua das Portas de Santo Antão ou a passagem por detrás do Teatro Nacional D.Maria II em direcção á estação do Rossio e consequentemente os Restauradores.

Qualquer uma das duas opções tem as suas caracteristicas pois enquanto por uma entramos rápidamente para a Lisboa feliz, endinheirada ( e engravatada) por outro lado passamos pela Lisboa dos restaurantes, a Lisboa dos petiscos e das cervejas, a Lisboa feliz e boémia.

Daqui paraa frente ja muitas coisas se tornam similares, pelo menos em termos dos seus ocupantes, pois temos mais estrangeiros por metro quadrado do que Portugueses... (Já foram á Loja do Cidadão logo de manhã antes de abrir? Com uma fila enorme cá fora depressa se torna um vê-se-te-avias naquele Serviço de Estrangeiros e Fronteiras...) Mas não fugindo á Lisboa feliz e rica, se de um lado temos a beleza e magnitude do Hotel Eden (antigo cinema Éden) e o não menos "glamoroso" Hard Rock Café na Avenida, por outro lado temos a magnifica rua pedonal acompanhada de cada lado da mesma pelas inumeras opções gastronómicas e pelo Teatro Politema ( que conseguiu manter um espéctáculo chamado Musica no Coração um ano consecutivo, se não me falha a memória, sempre com lotações impressionantes.. porra este Lá Féria sabe mesmo fazer dinheiro) e o mágnifico Coliseu dos Recreios onde acho que quase todos os lisboetas ja foram pelo menos uma vez ver um espectáculo! Após estas opções e chegando ao Largo da Anunciada seguiremos então pela mágnifica Avenida da Liberdade, onde a opulência dos seus ocupantes se evidencia cada vez mais.
Irónico é quando se segue pela Rua das Pretas em direcção á Rua Rodrigues Sampaio temos novamente o cenário de pobreza demonstrado pelos sem abrigo e pelos edificios muito degradados.. é caso para dizer que a loja Luis Vuitton e demais lojas de design encontram como vizinhos o seu estrato social oposto.

Verdade é que quando anoitece, e lá prá uma ou duas da manhã, já não existe Lisboa feliz, mas sim só a Lisboa triste, a Lisboa deserta, a Lisboa vadia que não tem raça, nem credo, onde a vivacidade agora dá lugar á melancolia, passa-se então para a Lisboa para lá de boémia, passa-se para a Lisboa enferma e estganada.

É verdade que quando o sol nasce é para todos mas quando a noite cai a Lisboa é so para alguns!

domingo, 21 de outubro de 2007

28 anos

Mais um ciclo, mais um ano.. Já são 28!

Ontem foi um daqueles dias de reflexão, pois é no finalizar de ciclos que se faz um balanço daquilo que se passou...

No final das contas o balanço até é positivo, pelo menos acho eu! Umas vezes melhor, outras pior mas há sempre um lado bom nisto tudo! Agora que estou mais velho (e não foi por ter feito 28 anos mas pela experiencia de vida) acho que já consigo ver as coisas de diferentes perspectivas. Acho que a pouco e pouco e com o envelhecer estou a tornar-me uma pessoa melhor, mais ponderada, mas infelizmente menos paciente.
Há sempre um lado bom e um lado mau em tudo... só mes resta saber tirar partido do lado bom das coisas e encarar a vida de frente. Mesmo que o futuro pareça medonho!


Perpétuo

O longo eco do metrónomo

Marcava o tempo descompassadamente

Um pêndulo em movimento,

Meia batida de coração.

Escoavam-se os segundos

Mas tudo se movia para aquele momento

Em câmara lenta, o bailado começava

E deixei-me levar na corrente

Num remoinho inevitavel

Onde planamos sem gravidade

Numa abstracção de espaço ou imagem

O fluir perpétuo do nosso tempo

Cada segundo mais velho.

sábado, 13 de outubro de 2007

Arrancado a ferros...

Dentro de uma semana faço 28 anos e nunca me senti tão velho como agora! A minha experiência de vida tem sido no minimo exaustiva! Umas vezes melhor outras vezes pior, mas sempre aprendi com tudo o que passei... até hoje.

É a primeira vez que tento escrever sobre isto abertamente e é a ferros que arranco esta crónica.

Hoje perto de mais um ciclo de vida, tento arrancar a ferros a presença de uma pessoa da minha mente. Serei sincero, ainda não consegui! Já fez um ano que me separei e quero voltar a viver mas não consigo, agora quero voltar a amar mas não consigo, quero prosseguir mas não consigo! A raiva e a frustração dominam-me a cada dia que passa, por não conseguir depurar e limpar a minha "alma". E com grande pesar que ás vezes penso que morreu um bocado de mim. Felizmente tenho tido a ajuda de alguns amigos (poucos mas bons) sem os quais não conseguiria ter passado por tudo isto. Saliento também uma pessoa que me ajudou a ver as coisas com outra perspectiva e relembrar-me que nada acontece por acaso e que se deve ter uma visão mais optimista sobre as coisas e situações. Há sempre algo a aprender no meio disto tudo...

É me frustrante estar com ela no mesmo espaço, sinto-me ansioso e tomo uma postura defensiva e ás vezes fria e indelicada quando na verdade nada disso reflecte aquilo que sou e para quem me conhece pode dizer que sou uma pessoa bastante extrovertida e de trato fácil. Considero-me também uma pessoa divertida e sempre pronta para uma piada mas neste momento não consigo articular todo esse ser que sou (ou já fui) e parece que ultimamente só consigo retirar o pior de mim, toda minha arrogância e escárnio, todo o meu desinteresse parece estar sempre presente em algo que faça!

Para quando o término deste sentimento de impotência? Para quando o fim deste mal estar? Quando é que me voltarei a encontrar?

Já me disseram pode demorar dias, meses, anos mas até lá tenho de me manter firme e acarretar as consequências de todas as decisões que tomei (quem me conhece sabe melhor que ninguém) e não me posso vitmizar nem apresentar a "canção do coitadinho" porque não o sou nem o fui! Eu sei perfeitamente o mal que causei e acho que o primeiro passo e tentar perdoar-me de modo a poder perdoar os outros. Parece um conjunto de balelas mas acho que é aqui que está o cerne da questão! Passa por aqui também a minha "terapia" e é o facto de me tentar consciencializar que tudo acabou, e integrá-lo na minha mente. Tenho de perder aquela esperança que tudo voltará a ser como dantes! Nada será como dantes!

Até lá... espero pacientemente poder recuperar e ser novamente quem sou, mas nada nos fere mais do que a angústia da espera.

Para quem conhece fica aqui um video com a musica que tão bem descreve o que sinto... para quem não conhece fica aqui uma óptima sugestão de uma das melhores bandas da actualidade...TOOL




The Patient

A groan of tedium escapes me,
Startling the fearful.
Is this a test? It has to be,
Otherwise I can't go on.
Draining patience, drain vitality.
This paranoid, paralyzed vampire act's a little old.

But I'm still right here
Giving blood, keeping faith
And I'm still right here.

Wait it out,
Gonna wait it out,
Be patient (wait it out).

If there were no rewards to reap,
No loving embrace to see me through
This tedious path I've chosen here,
I certainly would've walked away by now.
Gonna wait it out.

If there were no desire to heal
The damaged and broken met along
This tedious path I've chosen here
I certainly would've walked away by now.

And I still may ... (sigh) ... I still may.

Be patient.
I must keep reminding myself of this.

And if there were no rewards to reap,
No loving embrace to see me through
This tedious path I've chosen here,
I certainly would've walked away by now.
And I still may.

Gonna wait it out.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Catalisar

Há dias em que tudo se torna distante, em que já não consigo "expiar" a minha alma. Sempre me considerei o homem do "Plano B". Sempre quis fazer as coisas pelas minhas próprias mãos e dedicar-me ao mais racional que podia. Por outras palavras sempre fui o mais forte ao lidar com todos os que rodeavam até ao ponto em que ser o mais forte não chega.
Não é uma questão de ser o melhor, ou de fazer o melhor ou de ser mais forte. Há sempre uma altura em que se quebra e é nesses momentos que vemos a nossa fibra e a nossa vontade de continuar quando tudo é adverso. Já perdi a fé na humanidade há muito tempo.

Agora é uma questão de voltar a integrar-me e deixar que o tempo "me absolva" ou simplesmente de abrir mão do passado! Calmamente pois não posso exigir de mim o que exigia antigamente...
Estoicamente prosseguir parece ser o meu caminho e ainda tenho muito para calcorrear. Pode ser que um dia ja tenha conseguido retirar este "cheiro" da minha pele. Enquanto tento prosseguir devo olhar para trás e apreceber-me do que foi feito, do que aprendi e caminhar livremente até me aperceber que cada dia é uma dádiva!

Nada melhor do que reler este poema que escrevi há uns anos quando fui de férias com uns amigos....


Dádiva

Enquanto o vento percorre o vale

Dormitam as giestas nas encostas

O sol queima-lhes as folhas

Doirando os montes com a cor do mel

Por entre penedos e escarpas

Serpenteiam os ribeiros cristalinos

Trauteando a canção muda

De quem lava as pedras do rio

Tudo vejo do ermo

Desde a alvorada ao entardecer

E cada dia é uma viagem

Um mergulho no meu mar interior

Como poderia eu rejeitar tudo isto

E emudecer-me perante as montanhas

Se em cada passo nos carreiros

A terra me diz:

Sorri, cada dia é uma dádiva!

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

365 dias

Distantes os mundos em que vivemos

Diferentes as dimensões em que nos vemos

Longinquos espaços, os teus afastados traços

O eclipse que turvou a minha vista


Coberto o sol pelo teu satélite

Fingistes trazer a noite, um manto de estrelas

Escondendo os raios de luz, omitindo a pureza

Trazendo treva a dias ensolarados


Fugidio momento de extase celeste

Em que colhi o mel dos teus lábios

Iludido pela magia dos teus movimentos

Porém tudo passa,e eis que os astros se deslocam


Levando consigo imagens de outrora

Deixando-me de novo livre,

Mas amputado pela luz que me cegou