segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Catalisar

Há dias em que tudo se torna distante, em que já não consigo "expiar" a minha alma. Sempre me considerei o homem do "Plano B". Sempre quis fazer as coisas pelas minhas próprias mãos e dedicar-me ao mais racional que podia. Por outras palavras sempre fui o mais forte ao lidar com todos os que rodeavam até ao ponto em que ser o mais forte não chega.
Não é uma questão de ser o melhor, ou de fazer o melhor ou de ser mais forte. Há sempre uma altura em que se quebra e é nesses momentos que vemos a nossa fibra e a nossa vontade de continuar quando tudo é adverso. Já perdi a fé na humanidade há muito tempo.

Agora é uma questão de voltar a integrar-me e deixar que o tempo "me absolva" ou simplesmente de abrir mão do passado! Calmamente pois não posso exigir de mim o que exigia antigamente...
Estoicamente prosseguir parece ser o meu caminho e ainda tenho muito para calcorrear. Pode ser que um dia ja tenha conseguido retirar este "cheiro" da minha pele. Enquanto tento prosseguir devo olhar para trás e apreceber-me do que foi feito, do que aprendi e caminhar livremente até me aperceber que cada dia é uma dádiva!

Nada melhor do que reler este poema que escrevi há uns anos quando fui de férias com uns amigos....


Dádiva

Enquanto o vento percorre o vale

Dormitam as giestas nas encostas

O sol queima-lhes as folhas

Doirando os montes com a cor do mel

Por entre penedos e escarpas

Serpenteiam os ribeiros cristalinos

Trauteando a canção muda

De quem lava as pedras do rio

Tudo vejo do ermo

Desde a alvorada ao entardecer

E cada dia é uma viagem

Um mergulho no meu mar interior

Como poderia eu rejeitar tudo isto

E emudecer-me perante as montanhas

Se em cada passo nos carreiros

A terra me diz:

Sorri, cada dia é uma dádiva!

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