Não é uma questão de ser o melhor, ou de fazer o melhor ou de ser mais forte. Há sempre uma altura em que se quebra e é nesses momentos que vemos a nossa fibra e a nossa vontade de continuar quando tudo é adverso. Já perdi a fé na humanidade há muito tempo.
Agora é uma questão de voltar a integrar-me e deixar que o tempo "me absolva" ou simplesmente de abrir mão do passado! Calmamente pois não posso exigir de mim o que exigia antigamente...
Estoicamente prosseguir parece ser o meu caminho e ainda tenho muito para calcorrear. Pode ser que um dia ja tenha conseguido retirar este "cheiro" da minha pele. Enquanto tento prosseguir devo olhar para trás e apreceber-me do que foi feito, do que aprendi e caminhar livremente até me aperceber que cada dia é uma dádiva!
Nada melhor do que reler este poema que escrevi há uns anos quando fui de férias com uns amigos....
Dádiva
Enquanto o vento percorre o vale
Dormitam as giestas nas encostas
O sol queima-lhes as folhas
Doirando os montes com a cor do mel
Por entre penedos e escarpas
Serpenteiam os ribeiros cristalinos
Trauteando a canção muda
De quem lava as pedras do rio
Tudo vejo do ermo
Desde a alvorada ao entardecer
E cada dia é uma viagem
Um mergulho no meu mar interior
Como poderia eu rejeitar tudo isto
E emudecer-me perante as montanhas
Se em cada passo nos carreiros
A terra me diz:
Sorri, cada dia é uma dádiva!
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