domingo, 23 de dezembro de 2007

Sepulcro

Já te devia ter enterrado, mas sem lápide, sem adorno sem nada. Apenas uma vala onde pudesse depositar esta pele. Já devias estar decomposto e os teus átomos fazerem parte de todo um novo mundo numa infinita recombinação de protões e neutrões, numa arvore, numa pedra num novo dia! Já devias estar esquecido como aquele livro na biblioteca municipal ou como aquele carrinho de brincar que um dia emprestaste a não sei quem e que nunca mais to devolveu. Já devias ser passado mas insistes em corromper gramaticalmente tudo o que te rodeia, transpondo os tempos verbais tornando-te presente e querendo ser futuro. Já devias ser memória mas parece-me que é sempre a primeira vez que te vejo ou oiço . Já devia de te ter enterrado; só que ja me apercebi que o sepulcro que cavo também é o meu!

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