sábado, 27 de dezembro de 2008

Epílogo

Nem eu sabia que lacuna na tua vida é que tu preencheste com a minha pessoa. Sempre achei que já estavas bem lançada na vida, sendo a pessoa experiente que és, e que de mim não virias a aprender nada. Talvez estivesse errado. Talvez não.

Nunca te usei como um artífice de modo a esconder desvarios e desventuras passadas, e contigo equacionei um futuro que não tinha equacionado com ninguém. De qualquer modo aqui estou eu de novo só. “Abanonado” como gostavas de dizer em voz de criança com o qual eu me ria e encolhia os ombros. Mas estou a mentir, não me abandonaste, nem eu a ti.
Abandonámo-nos. Acho que simplesmente chegámos a um ponto de ruptura tão comum a tantos casais. Apesar de termos os nossos problemas, a reincidência destes comportamentos era alarmante. Nunca liguei a premonições mas acho que há sinais que são mais evidentes do que queremos admitir. Ainda estou para saber o que é que se podia fazer para nos consertarmos, mas creio que ficará para sempre no concílio dos deuses.

“Gut feeling. Sabes o que é?” disse-te eu uma vez quando falávamos de alguém que se tinha separado e de como eu sempre o soube que iria acontecer. Pois bem, perguntaste-me nessa mesma noite se já me tinha sentido assim em relação a nós. Respondi-te que sim mas não me adiantei. Hoje posso adiantar-me pois sei que infelizmente os tempos verbais já não se regem na primeira pessoa do plural. Ficaste chateada mas percebeste e dias depois disseste-me que me amavas mais do que eu a ti e que sempre o soubeste. Fiquei triste por ter medo que pudesses ter razão. Afinal estava enganado e não tinhas razão nenhuma. Se para ti te é tão difícil estares a tentar apagar memórias, para mim também me é difícil narrar esta crónica. Mas devo fazê-lo. Nem que seja para me auto flagelar. Auto-comiseração, aquilo que dizes que faço para me sentir melhor comigo mesmo, é verdade, já me habituei a perder tanto que acho que já me começa a dar um amargo de boca quando a “esmola” é grande. Prefiro saber que a minha infelicidade concede-me algumas forças para subsistir ao que advém daqui por diante.

“Se me deixares nunca serás feliz com outra mulher, hás de ficar sempre a pensar em mim” disseste-me há uns tempos atrás. Isso assusta-me. Assusta-me saber que neste caso podes bem vir a ter razão e aí sim acho que já tenho uma razão para me sentir miserável para o resto da minha vida, fora as merdas que te fiz e o quanto me envergonhei à tua frente. O que me vale é saber aquilo que sou e não aquilo que fui. Agora verei se tinha razão quando te disse também que havia de morrer um pedaço de mim e que provavelmente não iria ter mais nenhuma relação séria com ninguém até ao fim da minha vida. Nem sei se espero estar certo ou errado, pois por um lado gostava de ser feliz e poder fazer alguém feliz mas por outro prefiro manter essa imagem de ti como a derradeira tentativa, tentar guardar essa memória e como tu dizes, auto-flagelar-me mediante esse “sagrado” altar que te concedo, ou melhor esse “sagrado” altar onde sempre te coloquei.

Ainda não tirei o anel que comprámos e nem sei se o tiro, como já referi esta é uma memória que espero que perdure. Também cá está para me lembrar dos erros que venho cometendo durante estes meses e para os meses que virão. As cicatrizes que não ficam só no corpo são sempre as mais difíceis de disfarçar. Sim, porque uma cicatriz não se cura, apenas se disfarça. Tenho algumas coisas que gostaria de manter, e se servir para alguma coisa, houve muitos momentos bons sendo que essas coisas irão ficar para me lembrar que uma lágrima de felicidade acaba por ser maior que um mar de tristeza.

Lembro-me bem quando nos conhecemos, (após aquela peripécia infeliz da minha parte) e de quando falamos a sério pela primeira vez. Lembro-me de te ter achado uma pessoa interessante (nunca o deixaste de ser) e de como sorriste no final da nossa conversa. “Clicámos” pensei eu quando te foste embora, e nas semanas seguintes ia sempre ao mesmo bar na esperança de te encontrar. Para mais dois dedos de conversa, para bebermos umas cervejas, ou quanto mais que fosse para eu te poder fazer a corte. Esses jogos sempre me fascinaram e sei bem que tu és mulher para o jogar também. Afinal sempre te conheci melhor do que julgavas, era nestes pequenos pormenores que deixaste transparecer na tua linguagem corporal e verbal, onde ia beber o néctar da minha paixão. O problema é que não apareceste nas próximas semanas e pensei que devia dar-me mais espaço e quando nos encontrássemos que bebêssemos uma cerveja à casualidade do destino. Apenas isso.
Estava mesmo enganado não estava? “Quando não procuras encontras”, mais uma das premissas que Murphy nos deixou para nos interrogarmos o porquê dessa certeza empírica.

Foi assim, que te encontrei, pela terceira vez. “O universo conspira”. Ri-me de ti por dizeres isso mas como já referi os indícios e coincidências demais deixam-me apreensivo.
Agora desta vez já sabíamos, como iríamos tecer-nos. Sempre o soubemos desde que vieste ter comigo no bar e perguntaste “por que carga de água é que não me cumprimentas?”. Foi engraçado, saber que tinhas ficado a pensar em mim senão não me tinhas dado tanta importância e mais engraçado saber que estava completamente embriagado e mesmo assim, mantive alguma coerência no que fiz ou no que disse, ao contrário de tantas outra vezes que tiveste a infelicidade de presenciar. Foi então no final de uma longa conversa no bar do costume que nos aproximámos. O bar encerrava e nós querendo saciar a nossa sede de álcool e de amor deixámo-nos levar um pelo outro. Mais tarde ao som do “Tear you apart”, soubemos que o universo conspirava.

Penso sempre que podia ter sido diferente se não fossemos nós mas sim outros com as mesmas feições. Outros que não nós mas que fossem como nós. Outros que não eu. Talvez tu mas não eu. De qualquer forma ainda estou aqui e aí estás tu. Nestas verdades escondidas, poucas palavras podem ser sinceras como aquelas que nunca proferimos, dentre todas estas memórias. Onde estão agora esses dias? Não passam de cinzas da fogueira onde queimámos o nosso destino.




SHE WANTS REVENGE - TEAR YOU APART


Got a big plan, this mindset maybe its right
At the right place and right time, maybe tonight
And the whisper or handshake sending a sign
Wanna make out and kiss hard, wait nevermind

Late night, and passing, mention it flipped her
Best friend, who knows saying maybe it slipped
But the slip turns to terror and a crush to light
When she walked in, he throws up, believe its the fright

Its cute in a way, till you cannot speak
And you leave to have a cigarette, your knees get weak
An escape is just a nod and a casual wave
Obsessed about it, heavy for the next two days

It's only just a crush, it'll go away
It's just like all the others it'll go away
Or maybe this is danger and you just don't know
You pray it all away but it continues to grow

I want to hold you close
Skin pressed against me tight
Lie still, and close your eyes girl
So lovely, it feels so right

I want to hold you close
Soft breasts, beating heart
As I whisper in your ear

I want to fucking tear you apart

Then he walked up and told her, thinking that he'd passed
And they talked and looked away a lot, doing the dance
Her hand brushed up against his, she left it there
Told him how she felt and then they locked in a stare

They took a step back, thought about it, what should they do
Cause theres always repercussions when you're dating in school
But their lips met, and reservations started to pass
Whether this was just an evening or a thing that would last

Either way he wanted her and this was bad
He wanted to do things to her it was making him crazy
Now a little crush turned into a like
And now he wants to grab her by the hair and tell her

I want to hold you close
Skin pressed against me tight
Lie still, and close your eyes girl
So lovely, it feels so right

I want to hold you close
Soft breasts, beating heart
As I whisper in your ear
I want to fucking tear you apart

sábado, 29 de novembro de 2008

Invernia

Hoje, sinto-me acarinhado pela invernia. Este vento frio ja me trata como um amigo, como um velho conhecido. Um daqueles companheiros com quem já privámos muitas noites sem dormir. Este é um daqueles amigos que nunca nos vira as costas, que nos trata sempre da mesma forma implacável que nos habituámos a lidar. Não posso dizer que me tenha tratado mal, até porque os verdadeiros amigos são capazes de nos fustigar se precisam de nos encaminhar, ou quem sabe até mesmo salvar de nós próprios. É assim este vento frio; castiga, fustiga mas faz-nos sentir vivos. Tal e qual como outro amigo do peito.

Admiro muito esta estação. Admiro a sua força, o seu carácter. Talvez seja por isso que gostava de poder encarná-la mais em mim. Demorei demasiado tempo para me tornar o mais próximo possivel dela, e no fundo estou contente com o resultado, embora outros dirão o contrário. Há quem me chame insensivel, há quem me chame empedernido, há quem me chame arrogante. Talvez tenham razão. A verdade é que voltámos ao inverno, voltámos ao frio, à chuva, ao desalento. Voltei ao inverno da minha alma.


domingo, 28 de setembro de 2008

...

Estou cansado. Estou cansado de falar, de explicar, de dizer que sim a tudo. Estou cansado de correr, de andar, de estar parado. Estou cansado de chorar, de sorrir, de não expressar sentimentos. Estou cansado de que me exponham, que me apontem o dedo, que me esfreguem na cara os meus erros. Estou cansado de desconfiar, de mentir, de falsear. Estou cansado de desconfiem de mim, de que me mintam, que me falseem. Estou cansado de comer mal, dormir mal, viver mal. Estou cansado das pessoas, das coisas, dos lugares. Estou cansado das imagens, dos sons, dos cheiros. Estou cansado de que me digam o que fazer, quando fazer, como fazer, onde fazer e porquê fazê-lo.

Estou cansado de mim, de ti, de nós e de vós! Estou cansado da puta da existência!

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Silêncio

Matas-me com o teu silêncio
Constrange-me, Sufoca-me
Pois quando olho para dentro de ti
E vejo um silêncio vazio
Sei que já não estou lá

Matas-me com o teu silêncio
Arredas-me da tua presença
Crias um fosso, um abismo
Perde-se o fio de Ariadne
Solto no labirinto da tua pessoa

Mato-me com o teu silêncio
Vitimizo o meu corpo,
Inaudito plano de solidão
Reverbera e ecoa
Esse silêncio, o veículo da minha loucura





"Just So You Know"

the surface is so cold and worthless
all the things that I have still come from there
so paint your windows in front of my face
when you know damn well theres
no one behind them
I wish your body was not so warm to me
just so you know
all it was was something beautiful
when tides and dreams dont seem so tall at all
its me against the world still Im losing ground
Id kill to taste what it must be like
cause its every one of my empty parts
that you fill now
I wish your body was not so warm to me
just so you know
all it was was something beautiful
when tides and dreams dont seem so tall at all
pause silence
another moment dropped off
left behind and
hanging still
you wont see me
I cant see you
all it was was something beautiful
when tides and dreams dont seem so tall at all

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Quando é que voltas?

Ainda não chegaste a minha casa e não me revolucionaste o escritório cmo costumas fazer. Nem sequer me arrumaste a loiça e lançaste furiosamente uma frase: "-És tão desarrumado pá!-" Não me puseste a máquina da roupa a lavar e me disseste: "-Quando é que aprendes a separar as cores? Já te disse que a roupa escura deve lavada a 30 graus!-"
Ainda não me escorraçaste da minha (mini) cozinha dizendo: "Sai daqui que isto é território de mulheres!!" mas na verdade gostas que lave os legumes e tempere a salada. "-É preciso ser temperada por um maluco!-" digo eu quando me dás essa liberdade, esse espaço para te poder servir, esse lugar onde os papeis se invertem.
Ainda não me arrumaste os cabos da playstation e me obrigaste a desligar o computador porque estás farta de me ver jogar e dizes: "-Nunca fazemos nada juntos! Só sabes estar em casa...-", e eu sorrio porque em breve faremos algo que gostas e me louvas por termos saído à rua.

Ainda não chegaste a minha casa e te puseste à vontade com uma das minhas t-shirts e te sentaste no sofá á minha espera. Ainda não acendeste algumas velas enquanto fumas um cigarro, abres uma garrafa de vinho e o deixas respirar. Ainda não te deitaste no sofá pacientemente à minha espera fazendo da tv a tua companheira de tédio.

Ainda não cheguei a casa para te encontrar lá... e para me fazeres rir e sonhar contigo.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

"Hoje é o primeiro dia do resto da minha vida..."

"A princípio é simples anda-se sozinho

passa-se nas ruas bem devagarinho

está-se bem no silêncio e no borborinho

bebe-se as certezas num copo de vinho

e vem-nos à memória uma frase batida

hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

hoje é o primeiro dia do resto da tua vida



Pouco a pouco o passo faz-se vagabundo

dá-se a volta ao medo e dá-se a volta ao mundo

diz-se do passado que está moribundo

bebe-se o alento num copo sem fundo

e vem-nos à memória uma frase batida

hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

hoje é o primeiro dia do resto da tua vida



E é então que amigos nos oferecem leito

entra-se cansado e sai-se refeito

luta-se por tudo o que se leva a peito

bebe-se e come-se se alguém nos diz bom proveito

e vem-nos à memória uma frase batida

hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

hoje é o primeiro dia do resto da tua vida



Depois vem cansaços e o corpo frequeja

molha-se para dentro e já pouco sobeja

pede-se o descanso por curto que seja

apagam-se duvidas num mar de cerveja

e vem-nos à memória uma frase batida

hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

hoje é o primeiro dia do resto da tua vida



E enfim duma escolha faz-se um desafio

enfrenta-se a vida de fio a pavio

navega-se sem mar sem vela ou navio

bebe-se a coragem até dum copo vazio

e vem-nos à memória uma frase batida

hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

hoje é o primeiro dia do resto da tua vida



Entretanto o tempo fez cinza da brasa

outra maré cheia virá da maré vaza

nasce um novo dia e no braço outra asa

brinda-se aos amores com o vinho da casa

e vem-nos à memória uma frase batida

hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

hoje é o primeiro dia do resto da tua vida"


Sergio Godinho

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Sonho e Realidade

Há que escolher os sonhos, por muito castrador que seja esta afirmação. Parece-me que para podermos atingir alguma maturidade devemos deixar algumas coisas para trás e abraçar novas perspectivas. Espero que o espaço para sonhar se mantenha no seu lugar, mas dentro de uma meta alcançável e não como temos a mania de fazer ao correr atrás do inatingível. A capacidade de podermos sonhar é neste caso uma faca de dois gumes, tão simplesmente como uma moeda, um livro, uma folha que tem frente e verso. Por um lado leva-nos a acreditar e depositar a nossa fé num objectivo, o qual pode ser atingido a muito ou pouco custo. Pelo outro lado leva-nos a iludir as nossas capacidades e ignorar aquilo que nos é humanamente possível. No meio está a virtude. No meio de tudo isto está o que os homens lutam para poder decifrar e controlar. Podia chamar-se até destino ou fado, podemos chamá-lo também de vontade e ou querer.
A capacidade de fazer, de executar é tão preciosa como a capacidade de sonhar ou de olhar além mas o fiel da balança pede precisão nesta matéria. Não nos é estranha a sensação de desequilíbrio quando estamos perante o sonho e a matéria. A verdadeira sabedoria consiste em transformar o sonho em realidade. Realidade empírica, palpável e factual. No nosso processo evolutivo esta é uma pugna constante, às vezes e parafraseando a metáfora pode dizer-se que se trava a batalha entre o corpo e alma, entre o “pecado” e o justo.
Verdade é que de dualidade já nos chegam os obséquios diurnos, caindo em repetições constantes destes pequenos atalhos e vícios que vão ditando o dia-à-dia. É aí que o sonho entra e como alguém disse “comanda a vida”. Eu procuro comandar a vida nesse intermédio que nos alenta, nessas incongruências maravilhosas e pequenos defeitos de nascença que nos fazem querer algo melhor ou maior. Não lhe chamo ambição, nem arrogância, nem tão pouco inadaptação, aliás nem sei como adjectivar. Acho que poderia chamá-lo de viver.
Viver. Em função de, por intermédio de, o que quer que seja ou que lhe possamos chamar, mas vivê-lo. Um dia de cada vez, tentando deixar o sonho infantil e a inflexibilidade racional dos “adultos”. É tomar as duas faces da moeda e como alguém me disse separar o acessório do essencial. Talvez seja desta que aprendo mais um pouco daquilo que me está reservado e deixar as coisas levarem o seu rumo. Se o controlo ou não esse será o meu desafio desde que saiba escolher atempadamente entre o sonho consciente e a execução inconsciente e vice-versa.
Esperançado que enquanto me for dada a capacidade de decidir, possa fazê-lo com um dos tratos mais espantosos que está impresso no ser humano e nos é comum a todos, o factor de transformar e de nos adequarmos à inconstância da lógica.
As mãos que executam aguardam por uma mente que sonhe.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Maio, Maduro Maio...

Sem aviso prévio e num repente, eis que algo se revela como uma certeza. "Quando há vontade tudo se consegue!" É engraçado como estas "revelações" nos aparecem assim pela calada, pela sombra. Tanto mais, que embora ja tivesse ouvido esta expressão muitas vezes nunca a tinha interiorizado como hoje. Para quem me conhece sabe que só faço algo sempre pelo intermédio de pressão, mas hoje reparei de como posso controlar a minha vida mais fácilmente sem caír na obrigatoriedade ou no marasmo da repetição e preguiça.
"Quando há vontade tudo se consegue" ecoou-me assim sem mais nem menos, e devo admitir que esta afirmação tem mesmo muita força, tanta como a força de vontade; agora em relação à propensão para o mesmo, essa faz-se. E consegue-se!
Quem me conhece sabe melhor o que quero dizer, mas para quem não me conhece fica aqui o que li num comentário de um blog (http://pensamentosolto.blogspot.com/) que define ainda melhor o que quero dizer:

"A adversidade desperta em nós capacidades que, em circunstâncias favoráveis, teriam ficado adormecidas "

Horácio


Edit: "Thanx for waking me up guys! No need for names 'cause you know who you are!"

sexta-feira, 28 de março de 2008

Indomado

Hoje e mais que nunca aprendi o que é a saudade

Aprendi o que é a vontade de estar

Sem saber o que fazer

Sem o saber onde ficar


Vontade indomada de te rever

De te deixar entrar em mim

Sendo o meu corpo o teu baluarte

Sacia o teu desejo com a minha alma


E escrevo no teu corpo

Aquilo que me faz amar-te

Por entre cada cicatriz

Um beijo, uma palavra

Por entre os poros da tua pele

O meu amor, a minha vida


segunda-feira, 17 de março de 2008

Hoje e Amanhã...

Ainda o dia não tinha nascido e já tinha acordado. Os filamentos da terra dos sonhos ainda estavam presos ao meu corpo enquanto me sentava na cama. O meu quarto parecia uma cripta, que apenas se iluminava com a tua presença, e hoje mais só que nunca, o bafio deste mausoléu entorpecia e toldava o meu raciocinío.
Enquanto procurava os óculos na minha mesa de cabeceira, reparei que o teu perfume estava desvanecer lentamente do meu pijama, dos meus lençois. Sim, ainda não mudei os lençois que retêm o teu cheiro a côco e que nos abraçaram tantas vezes depois de nos entrgarmos um ao outro.
Acho que é o teu perfume que ainda me sustém antes de me ir deitar, que ainda me dá forças para não baixar os braços e aceitar o caminho mais fácil, o da derrota.
Levantei-me da cama e abri a porta para o mundo, e a casa estava na mesma; arrumada e cheirar a limpo como a tinhas deixado. As paredes nuas da minha casa pediam o teu toque, a tua graça com os poemas que tinha escrito. Ainda me lembro de te ter pedido pra mos escreveres nas paredes. Ainda me lembro de te dizer que hei-de fazer um poema só pra ti. Ainda me lembro de tanta coisa que não sei interpretar...
Quando cheguei á casa de banho para me preparar para um mundo hostil sem ti, ainda lá estavam as tuas coisas, que nem sequer vou mexer de modo a perdurar a memória de ti. Não pude evitar um suspiro, mas apenas uma semi-lágrima porque me impedi de chorar apesar de o sal limpar o meu rosto. Vou deixar as tuas coisas espalhadas por minha casa, para onde quer que olhe possa ver o teu sorriso e a tua aura.
Quando me despachei, sentei-me no sofá a fumar um cigarro e foi aí que tudo voltou para me atormentar... o medo de ti, de seres mais forte que eu, a insegurança de me entregar, a minha irredutibilidade de te aceitar como és e de como já mudaste a minha vida, o medo de seres algo mais importante do que possa imaginar e que te atravessaste na minha vida como um relampago a atingir o chão... descarregando toda a sua energia, pulsando no meu interior.

A memória da ultima noite juntos está viva como um quadro, um poema, um livro que basta apenas uma pequena contemplação para o reviver. Como todos aqueles que já nos foram subtraídos vivem sempre nos nossos corações.
Só te posso dizer que não sei onde está o amanhã sem te pedir perdão, onde está o amanhã se o hoje cessa de existir sem ti aqui, onde está o amanhã se o relógio parou e o calendário apenas me parece um aglomerado de numeros sem sentido. É bem provável que não te volte a ver, ou que não consiga chegar-me perto de ti, para te dizer que tinhas razão, para te dizer não sei bem o quê, para ficar apenas a olhar para ti sem que me vires a cara, para poder ver o teu sorriso mais uma vez, para dizer que te amo.
Sei que por muito que queira pode já não haver um amanhã para nós mas talvez na próxima vez, talvez na próxima vez, exista uma esperança para um velho cão. Pode ser que tudo mude, pode ser que possa viver de novo. Sem o receio de não ser compreendido, onde um dia possa entregar-me sem vaidade, sem arrogância, sem medo.

Será que é pedir demais poder voar?

sexta-feira, 7 de março de 2008

Supernova (A million exploding suns)

QUANDO É QUE ME VISTE VIVO?


Já me pediste demasiado do
Visceral fascinio no teu ser,
Já me fizeste amar-te pelo nós que há em mim

Já te disse que te odeio?
Nunca o suficiente
Nunca o que me provei

Não me provei pra te dizer que te AMO?
Mas...

AMO-TE
ODEIO-TE
AMO-te
Odeio-TE

Imprevisivel consciencia
Imaturo modo de vida
Cobarde meio de existência

Onde por ti vivo mais um pouco
O suficiente pra perceber que de irascível
Era um fado que soa como o meu

Odeio-te tanto...
por ter medo de ti

Amo-te tanto...
Por não teres medo de mim!







I'm Deranged

Funny how secrets travel
I'd start to believe if I were to bleed
Thin skies, the man chains his hands held high
Cruise me blond
Cruise me babe
A blond belief beyond beyond beyond
No return No return

I'm deranged
Deranged my love
I'm deranged down down down
So cruise me babe cruise me baby

And the rain sets in
It's the angel-man
I'm deranged

Cruise me cruise me cruise me babe

The clutch of life and the fist of love
Over your head
Big deal Salaam
Be real deranged Salaam
Before we reel
I'm deranged

And the rain sets in
It's the angel-man
I'm deranged

Cruise me cruise me cruise me babe

And the rain sets in
It's the angel-man
I'm deranged

Cruise me cruise me cruise me babe

I'm deranged

domingo, 2 de março de 2008

A caminho de plutão...


Partimos os dois em direcção ao infinito, sem apelo nem agravo. A coragem aliou-se á paixão. Esse é o segredo dos aventureiros. Deixámos tudo para trás enquanto riamos compulsivamente. Já parecia uma memória de outros idos. Tempos avulsos que esquecemos que apenas existem na terra dos sonhos.
Ainda tentei pensar em mim, mas o eu já não existia. Só existia o nós.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Um obrigado sentido


Ora então, bem vindos todos vocês que se dão ao trabalho de ler este excelente blogue!!! Isto por aqui anda bem, devo dizer que os autores andam muito satisfeitos com a elevadíssiva afluência que tem sido registada, tivemos, se não estou em erro, mais de 3 (três) visitantes nas últimas 4 (quatro) semanas! É obra, e é bonito de se ver!
Então e vocês, como andam? Deixem comentários, façam sugestões, digam mal, nós trataremos de todas as coisas boas e menos boas como a função pública em tempo de SIMPLEX, agradecemos naturalmente mas trateremos de tudo com tempo e devagar devagarinho.
Da minha parte, por agora chega mas fico à espera dos mais espirituosos de vós que consigam abanar o mundo por mim que eu agora tenho andado fraquinho e dói-me a perna esquerda portanto não me consigo mexer muito bem. Ah, às vezes também tenho os dedos das mãos a estalar muito, mas só quando escrevo demasiado portanto até nem é tão frequente quanto isso!
Da parte dos autores, um obrigado sentido e um até amanhã camaradas, sem a conotação política para não ferir sensibilidades!

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Vidinha de adulto!

Até parece que vem a propósito do post anterior...

Ainda ontem vi um amigo de infância (quando digo infância é mesmo desde os 7 ou 8 anos aproximadamente) que já não via há uns tempos (largos meses) e ao cumprimentá-lo ele sai-se com esta pergunta que me surpreendeu:

"Então como vai essa vidinha de adulto?"

Surpreso pela objectividade da pergunta mas sem desarmar a ironia evidente respondi:

"Uma merda! Vidinha de adulto é sempre uma merda!"


Pensei imediatamente nos tempos em que jogavamos à bola despreocupadamente na Vila Berta, ou quando nos divertiamos no carnaval com os estalinhos, as raspas e as bombinhas! Já para não falar das guerras de balões!
Lembrei-me de sermos um grupo de gaiatos traquinas que assaltava as arvores de fruto das redondezas, era laranjas, nêsperas, marmelos.. o que viesse à rede era peixe aliás fruta!

Contrapus tudo isso com a minha vida de agora que é resumida à casa e ao trabalho, ao trabalho e à casa.

Despedimo-nos com sorrisos de concordantes, constatando que após a morte da inocência ser adulto é uma merda.

domingo, 3 de fevereiro de 2008

Nostalgia televisiva

No outro dia lembrei-me de duas programas televisivos. De um sinto a falta, de outro nem tanto. Temos de vê-los também do ponto de vista de uma criança com cerca de 10 anos quando estes programas passaram na nossa televisão, mais precisamente na RTP1. Séculos antes de aparecerem os outros 2 canais generalistas na televisão portuguesa.



Um dos programas que não sinto tanto a falta é o TV Rural com o "saudoso" Engº Sousa Veloso (devo admitir que não tenho nenhuma antipatia pelo Engº e hoje em dia até sinto a falta da sua simpatia e do seu "despeço-me com amizade!") que nos entediava (imberbes e irrequietas crianças) até à morte nos domingos de manhã à espera dos desenhos animados!

Aqui vai um pouco de nostalgia...




O outro programa que vos venho falar é o famosissimo Captain Power and The Soldiers of the Future! Que espectáculo visual para a altura! Vindos das cinzas de um mundo devastado um grupo de soldados lutava contra as máquinas em batalhas infindaveis!

Mais um excerto...






Meu Deus... era bom ser criança!

domingo, 27 de janeiro de 2008

Eucaristia Dominical!

Os domingos para mim são sempre dias de merda! Ora vejamos porquê...


Acordar na rua porque bebi demais!

Acordar em casa mas todo fodido da ressaca!

Ir trabalhar ao domingo (de ressaca) !

Passar o dia a lamentar-me das figuras tristes que fiz na noite passada!

Ter de se desculpar perante os amigos pelas figuras tristes da noite passada!

Passar uma grande seca no trabalho pois os domingos são os dias mais fracos do hotel!

Dá sempre futebol na televisão mas eu NÃO TENHO SPORT TV!

Levar com os sinos das igrejas por causa das putas da missas!

Levar com a merda da eucaristia dominical na televisão.

Ter de ir a algum centro comercial e aturar aquela gente toda que passa a semana inteira a sonhar em ir ao centro comercial no domingo.

Estar uma eternidade á espera dos transportes públicos!

Estar séculos á espera na fila do supermercado porque todas as pessoas lembram-se de fazer as comprinhas semanais ao domingo!

Os bares porreiros estão sempre fechados num domingo á noite.

Baterem-te á porta ás 8 da manhã e perguntarem-te: "Deseja ouvir as boas novas? Acredita em Deus?"

Não encontrar um sitio para estacionar num raio de 2km porque ninguém vai saír de casa!


É por estas e por outras...

Se me lembrar de mais adiciono!

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Ano novo, vida nova?

Gostava de ter algo inspirador, confiante, auspicioso ou até mesmo mordaz para vos dizer. Mas não tenho! Gostava de vos poder afirmar que este novo ano será um ano de mudança para melhor. Mas não posso! Gostava de vos dizer que neste ano o tempo vai passar mais devagar, o que nos vai dar tempo para fazermos tudo aquilo que deixámos por fazer o ano passado. Mas não posso!
Gostava de vos dizer que este ano há um mundo novo para descobrir. Mas não posso.
Posso dizer-vos que este ano será apenas um aglomerado de segundos,minutos, horas ou dias, perdidos num calendário qualquer! Posso dizer-vos que este ano será mais uma ruga nos nossos rostos. Posso dizer-vos que este ano será apenas mais um ano!