quarta-feira, 4 de junho de 2008

Sonho e Realidade

Há que escolher os sonhos, por muito castrador que seja esta afirmação. Parece-me que para podermos atingir alguma maturidade devemos deixar algumas coisas para trás e abraçar novas perspectivas. Espero que o espaço para sonhar se mantenha no seu lugar, mas dentro de uma meta alcançável e não como temos a mania de fazer ao correr atrás do inatingível. A capacidade de podermos sonhar é neste caso uma faca de dois gumes, tão simplesmente como uma moeda, um livro, uma folha que tem frente e verso. Por um lado leva-nos a acreditar e depositar a nossa fé num objectivo, o qual pode ser atingido a muito ou pouco custo. Pelo outro lado leva-nos a iludir as nossas capacidades e ignorar aquilo que nos é humanamente possível. No meio está a virtude. No meio de tudo isto está o que os homens lutam para poder decifrar e controlar. Podia chamar-se até destino ou fado, podemos chamá-lo também de vontade e ou querer.
A capacidade de fazer, de executar é tão preciosa como a capacidade de sonhar ou de olhar além mas o fiel da balança pede precisão nesta matéria. Não nos é estranha a sensação de desequilíbrio quando estamos perante o sonho e a matéria. A verdadeira sabedoria consiste em transformar o sonho em realidade. Realidade empírica, palpável e factual. No nosso processo evolutivo esta é uma pugna constante, às vezes e parafraseando a metáfora pode dizer-se que se trava a batalha entre o corpo e alma, entre o “pecado” e o justo.
Verdade é que de dualidade já nos chegam os obséquios diurnos, caindo em repetições constantes destes pequenos atalhos e vícios que vão ditando o dia-à-dia. É aí que o sonho entra e como alguém disse “comanda a vida”. Eu procuro comandar a vida nesse intermédio que nos alenta, nessas incongruências maravilhosas e pequenos defeitos de nascença que nos fazem querer algo melhor ou maior. Não lhe chamo ambição, nem arrogância, nem tão pouco inadaptação, aliás nem sei como adjectivar. Acho que poderia chamá-lo de viver.
Viver. Em função de, por intermédio de, o que quer que seja ou que lhe possamos chamar, mas vivê-lo. Um dia de cada vez, tentando deixar o sonho infantil e a inflexibilidade racional dos “adultos”. É tomar as duas faces da moeda e como alguém me disse separar o acessório do essencial. Talvez seja desta que aprendo mais um pouco daquilo que me está reservado e deixar as coisas levarem o seu rumo. Se o controlo ou não esse será o meu desafio desde que saiba escolher atempadamente entre o sonho consciente e a execução inconsciente e vice-versa.
Esperançado que enquanto me for dada a capacidade de decidir, possa fazê-lo com um dos tratos mais espantosos que está impresso no ser humano e nos é comum a todos, o factor de transformar e de nos adequarmos à inconstância da lógica.
As mãos que executam aguardam por uma mente que sonhe.

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