sábado, 29 de novembro de 2008

Invernia

Hoje, sinto-me acarinhado pela invernia. Este vento frio ja me trata como um amigo, como um velho conhecido. Um daqueles companheiros com quem já privámos muitas noites sem dormir. Este é um daqueles amigos que nunca nos vira as costas, que nos trata sempre da mesma forma implacável que nos habituámos a lidar. Não posso dizer que me tenha tratado mal, até porque os verdadeiros amigos são capazes de nos fustigar se precisam de nos encaminhar, ou quem sabe até mesmo salvar de nós próprios. É assim este vento frio; castiga, fustiga mas faz-nos sentir vivos. Tal e qual como outro amigo do peito.

Admiro muito esta estação. Admiro a sua força, o seu carácter. Talvez seja por isso que gostava de poder encarná-la mais em mim. Demorei demasiado tempo para me tornar o mais próximo possivel dela, e no fundo estou contente com o resultado, embora outros dirão o contrário. Há quem me chame insensivel, há quem me chame empedernido, há quem me chame arrogante. Talvez tenham razão. A verdade é que voltámos ao inverno, voltámos ao frio, à chuva, ao desalento. Voltei ao inverno da minha alma.