quarta-feira, 22 de julho de 2009

Vaguear


Erro, aliás vagueio, mas sem saber para onde vou, sinto que volto sempre à partida. Ilusão de óptica já mo disseram, mas não creio. Existe um espaço que fica entre o hoje e o amanhã. Uma espécie de limbo entre o que fazemos e o que queremos fazer e é nesse espaço que me desloco. Não consigo distinguir nenhuma indicação para onde me devo dirigir e no entanto movo-me. Nau sem rumo e sem norte em constante motim.

De tanto tempo nestas andanças já devia de saber este andamento, mas a verdade é que nunca o aprendi e de cada vez que me perco parece-me sempre um dejá-vu, uma sensação de repetição, um eterno retorno. Contemplando Sisífo, padeço de um mal menor por comparação mas também eu estou preso ao meu tempo que no limbo do hoje para amanhã me parece infinito.

Como resignar-me a sofrer o desgaste do mesmo ciclo? Será que as rochas já se resignaram ao ciclo das marés e limitam-se à erosão? Será que o sol ou a lua já se resignaram ao seu eterno bailado? Talvez. Talvez então seja a hora de o aceitar. Como se nunca tivesse tido outra opção, inato. Pode ser então que algo mude e possa fugir à repetição do não saber onde nem como estar nem para onde ir e quando chegar. Expectante, pois a esperança é a ultima a morrer, mas pouco crente de um desfecho diferente. Até lá, erro, aliás vagueio.