quinta-feira, 25 de março de 2010

Insónia

"Contorcia-se envolto nos lençois, sem saber onde estava, mas reinava na terra dos sonhos e das ilusões, um mundo feito de retalhos de emoções e memórias. Despiu-se da realidade no preâmbulo pré inconsciente onde todos os nossos pensamentos parecem estar interligados numa espécie de torpor ou embriaguez. Heroi das epopeias inesperadas, enfrentava as suas medusas e ciclopes por onde feéricas odes ao subconsciente alimentavam um sono profundo. Onde horas e dias se rendeu à fantasia e ao desejo, outros ecos rendiam apenas preciosos minutos concedidos a um corpo quebrado. Percorria mundos paralelos e esboços de tempos desconexos, uma cascata de acontecimentos sem propósito. Mas mantinha a remota ligação ao carcere do seu corpo, diluía a sua viagem e ganhava alma presente. Apartado do abraço da fantasia, descia da sua distopia, acoradava para um amanhã solitário que tinha custado a imaginar antes de adormecer."

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