quarta-feira, 28 de abril de 2010

Paupérrimo

"Estamos falidos", apregoam as vozes em coro na televisão. Desdobram-se em gravatas e lacinhos, vozes mudas e olhares cabisbaixos. Mas ninguém se convence do que está para vir é como apregoam. Será muito pior. Hoje, perdidos num mar de dìvidas e consumo, viramo-nos novamente para a esmola, para uma vida de remediado ou de remendado. Assim se espalha essa doença chamda miséria. Nem coelhos da cartola, nem ases na manga, nem um milagre de Santa Iria pode reavivar este povo português, que orfão de nascença, já está falido há muitos anos. Especialmente falido de homens e governantes, falido de atitude e valores mas rico de maneirismos e demagogia. Felizmente sou português e já sei conviver bem com as meias verdades e meias rações, com o olhar vago de quem apostou e perdeu um futuro. Mas como eu já não é só uma geração, é todo um povo e uma história que tanto deu de si que agora só lhe resta o abandono. Se hoje em Portugal há alguém que veja o copo meio cheio, eu vejo-o meio vazio.

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