quarta-feira, 21 de julho de 2010

Antevejo-me

"Antevejo tempestade. Malditas premonições que me cansam, que me moem a consciência. Procuro sempre estar errado, mas a idade ensina-me que de acasos só o nome. Dilema do profeta, antítese à nascença, adjudicando a salvação por intermédio do purgatório. Forço-me a tentar ver o que aí vem e sei de antemão que é um cenário dantesco. Fecha-se o bastião, e levam-se os homens às ameias. Está na altura de enfrentar o fogo e enxofre. Fico apenas eu a observar, um espectáculo majestoso e fora de tempo, pois quando se abater, já Noé se salvou mas numa (b)arca vazia. Salve-se o que se pode, e cuide-se dos feridos porque dos mortos só lhes resta o esquecimento. Visões e retratos apagados, caducas folhas embaladas pelo vento. Sim é verdade, o vento traz nuvens e lamentos no seu canto. Essa é a canção da tormenta."

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