segunda-feira, 19 de julho de 2010

enquanto dormes

"Viras-te para o outro lado e abraço-te como de costume. Coloco o meu braço por debaixo do teu pescoço, beijas-me a mão e dizes-me timidamente "até amanhã" com voz de sono. Respiras suavemente ao som das minhas carícias no teu corpo. Já é hábito ver-te adormecer assim. Num abraço de gigante, prometo-te que nada te pode magoar, prometo-te estar ali, ao teu lado quando acordares. Declamo-te os meus delirios até sentir o teu peito pesado e o desfazar do teu aperto. Contemplo-te adormecida, acaricio os teus cabelos e sinto o tremor enlevado do carinho. Já dormes. Fico sempre mais algum tempo acordado, a imaginar o que te direi amanhã, a recear as palavras que ficam nos interlúdios, sempre a medo guardadas para um dia propicio, um eventual qualquer. Digo-te baixinho "gosto de ti" receoso que acordes e me ouças. Receoso de quebrar esta frágil aliança, construída de beijos e sorrisos. Aperto-te contra mim suavemente e convenço-me de que nunca me quero separar deste segundo. Enquanto dormes tento apaziguar esta fome voraz de te dizer o que já sabes e convenço-me da tua resposta. Fecho os olhos em busca do sono para afastar esse medo dos vindouros. Não obstante o meu sorriso enquanto dormes."

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