terça-feira, 6 de julho de 2010

Legado

"Era domingo. O dia em que convergem todas as necessidades afectivas de quem é pai, irmão, primo,tio, filho. O fim da semana culmina a olhar para o umbigo e a cuidar desse cordão umbilical que para além do sangue que partilha, alimenta e nutre o próximo. O nosso próximo. Ao descer a calçada vislumbrei indiscretamente, mesas repletas de crianças e pessoas a comungar. E sorrisos e choros. "À hora do jantar em vez de andar por aqui sozinho, devia de estar ali... numa casa qualquer, com uma família qualquer, mas minha."

Sofro de um estado anímico-anémico, ou seja estou à mingua. Falta-me a base que compõe o mundo, onde repousam e se apaziguam as maleitas universais. Esse conforto que existe no dar e receber. Só porque sim. Só porque se ama. Mas saio de uma disfuncional para uma que não existe. E resta-me o passado de uma e o futuro de outra.

"Há sempre um amanhã. O legado é que conta." pensei.

E eu do lado de fora; na calçada; á espera que uma dessas janelas ou uma dessas portas se abrisse e me convidassem a entrar. Só porque sim."

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