domingo, 25 de julho de 2010

Fronteira

""Faço-te um favor e adianto-me já." Disse-te secamente, tentando subtraír-me a um intenso pranto. Falava a voz do medo e da razão. Era sinal que ainda não estava recomposto da batalha anterior. Se o exprimo assim, é porque fiquei por cá como um amputado de guerra. Decepado dos membros que ainda sinto, das mãos que ainda escrevem, dos olhos que ainda choram. Onde ainda correm impulsos para destinos obsoletos que nunca chegam a chegar. Apesar do golpe ser devastador, ainda tive a consciência de me afastar. Sem querer virar-te as costas, dei pequenos passos para trás e esperei estar a uma distância segura para saír. Tinha vontade de correr, de fugir ao desespero de olhar para a tua tristeza. A tua que tambem é minha. Mas o próximo passo já o daria só. "Longe da vista,longe do coração" disse para comigo. Mas a mentira por muito sumptuosa que seja é sempre um engodo. Pior ainda se o engodado somos nós."

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