terça-feira, 17 de agosto de 2010

Vícios

"Desenrosquei a tampa do frasco, pensei em tomar mais um daqueles comprimidos e sentei-me à espera de conseguir decidir. Mais um daqueles comprimidos que me deixam dormir sem que tenha de passar pelo vestíbulo da incoerência. "Nada melhor do que estar sedado" pensei. Inócuo ao efeito placebo, as únicas vias para a libertação passavam pelo álcool ou por um novo fármaco. Durante muito tempo preferi o álcool; torpor violento e confuso, que nos restringe como de uma camisa de forças se tratasse. No entanto essa quietude forçada é como o olho da tempestade, sereno por breves momentos até se tornar avassaladora e destrutiva. Preferi levar a garrafa á boca. Maldito veneno. Como se eu estivesse a ser honesto. "Afinal a honestidade não é praqui chamada" pensei. O que eu queria mesmo era conseguir bloquear a minha vida da minha cabeça. Ou vice versa. E assim foi: de embriagado a escape, de escape a vício, de vício ao abandono."

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