quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Vigília

"Ouço-te adormecer e estou ao teu lado. Hoje vivo um espaço diferente, o mesmo calor mas em lados opostos do sofá. A luz ténue desfila em pequenos raios que iluminam os cantos da sala. Hoje sinto-me útil e isso faz-me feliz. Nem que seja durante um pouquinho. Um pouqinho que enche este pequenito espaço que resta. Levanto-me e vejo a ninhada. Vejo os teus a crescer e sorrio como uma criança. Esta é como se fosse a primeira vez que os vejo tão pequenos. Como eu fui e como sempre quis ver. Ouço latir o pequeno bando de irmãos e penso que embora nunca o tenha estado, hoje já não estou só. Ajudo o mais pequenito a mamar e não deixo de pensar que sou filho único. Que não tive de me esforçar entre uma fraterna família. Às vezes sente-se sempre mais só aquele que sempre foi mais privilegiado. Volto para o meu lugar, e sento-me para escrever. Para te escrever.
E como sei que hoje dormes fico descansado estando acordado."

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