sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Captain’s log – Day three

“Acordei vindo do esforço. Miseras horas entregues a orfeu. Bem sei que merecias melhor devoção, mas o destino assim o obrigou. Ficou o intento perdido na cama. A monotonia do asfalto rende-se sempre ao mesmo, ainda mais sendo eu o conduzido. Hoje, em jeito mais pastoril, tive oportunidade de observar um mundo rural que já não via há muito tempo. Estive tempo demais emparedado na urbe a viver uma azáfama constante. O facto curioso é que adoro a cidade e tudo o que a envolve. Ao observar o que me rodeava lembrei-me do sonho que o meu pai tinha para mim. Seria engenheiro agrónomo. Talvez ele tivesse razão, talvez não, mas hoje compreendo o seu pedido. Ele era um homem do norte, da raia. Homem de tradições e mezinhas, dos maus olhados e do contrabando fronteiriço. Ele que sempre quis o melhor para mim, pensou que pudesse deixar mais do seu legado ao encaminhar-me para um futuro que lhe fosse familiar. Deve ser genético então, ou como se diz, mal de família. A verdade é que hoje estou a sul desse sonho, e de minha casa.E faz-me falta sonhar.Por isso no final do dia, decidi-me a acender um cigarro e contemplar o ermo na serra. Agora percebo o meu pai e disse para comigo “Só tenho pena de não ter a tua companhia quando o sol se abateu e fechou os vales no escuro.” ”

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