terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

omissão

""Deixa-te de tretas" troçaste. E sem saber como, ou se havia de te responder, deixei cair um sorriso nervoso. Um daqueles que todos sabemos que é forçado, um fingido que não faz jus aos meus sorrisos. Logo tu, que me conheces, sabes bem o que são sorrisos abertos acompanhados de gargalhadas sonoras. Eu, o homem das odes ao humor e ao ridículo. Eu que te deixei habituada ao contraponto da minha voz, tento esconder o desconforto da minha mascara. Olho pela janela do café e disfarço o tom gravoso, para não ter de olhar para os teus olhos. "É o problema de me dar com pessoas inteligentes, sabem ler as entrelinhas dos silêncios." disse calmamente. Levantaste a sobrancelha com ar de quem espera uma explicação, uma pergunta retórica. Levantei-me da mesa. "Deixa que quem paga o café sou eu. Vou fumar lá fora. Já chega de psicanálise." Não ousaste dizer uma palavra. Ao acender o cigarro surgiu-me a conclusão imediata deste diálogo. É que para que não me afastasse do meu canto, onde a descoberto irias ver muito mais do eu sou, soube logo que era o momento de te omitir muita coisa."

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