sábado, 29 de dezembro de 2007

"Já fez 10 anos..." ou "Como o tempo voa!"

Compartilho convosco o meu 1º poema...


Memória de Inverno


É Dezembro,

Tudo se revela em cores pastel

Como uma memória fustigada pelo tempo,

Assim como a copa das árvores balança

Despida do seu fulgor primaveril

E a chuva fria cai como lágrimas


Tornei-me um apêndice do Inverno...

Frio e austero ; desprovido de calor humano

desde que partiste e levaste

a tua fagulha de vida.

a tua dança de amor.



Sirvo apenas o meu propósito,

Não crio vida, apenas a condiciono

Pois sou um oposto do quero ser

E permaneço imóvel e resoluto…


Até um dia em que o ciclo mude

Porque estou farto

De testar a paciência dos homens,

De os subjugar a duras provações e miséria

Para depois adormecer

E sonhar com o dia em que vou florescer.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Nado Morto

Ontem já me cheirava a morte
Obscuro labirinto de odores
Agridoce plano de solidão

Ontem já a luz me escapava
Embora acordado
Neste húmido ventre
Onde o sono parece divino

Hoje o perdão peca
Num neutro embrião
Abraço um segundo
Já perdi o norte na escuridão

Pestilento começo de vida
No preludio do amanhã
Onde já não estarei aqui…

domingo, 23 de dezembro de 2007

Sepulcro

Já te devia ter enterrado, mas sem lápide, sem adorno sem nada. Apenas uma vala onde pudesse depositar esta pele. Já devias estar decomposto e os teus átomos fazerem parte de todo um novo mundo numa infinita recombinação de protões e neutrões, numa arvore, numa pedra num novo dia! Já devias estar esquecido como aquele livro na biblioteca municipal ou como aquele carrinho de brincar que um dia emprestaste a não sei quem e que nunca mais to devolveu. Já devias ser passado mas insistes em corromper gramaticalmente tudo o que te rodeia, transpondo os tempos verbais tornando-te presente e querendo ser futuro. Já devias ser memória mas parece-me que é sempre a primeira vez que te vejo ou oiço . Já devia de te ter enterrado; só que ja me apercebi que o sepulcro que cavo também é o meu!

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Já me rendi às evidências... e vocês?

Medíocre

do Lat. mediocre

adj. 2 gén.
,
mediano;

meão;

que está entre o bom e o mau;

ordinário;

insignificante;

s. m.,
aquele ou aquilo que tem pouca qualidade, pouco valor, pouco merecimento;

esc.,
classificação escolar entre o mau e o suficiente.


É uma palavra que cada vez tem sido utilizada no meu dicionário. Tenho pena que assim seja, mas não nos resta outra opção senão aceitar este adjectivo como uma definição da nossa existência. Alguém me disse há uns tempos que " É sempre mais fácil lidar com a mediocridade do que com o sucesso ", e não pude de lhe deixar de dar razão! Lidarei então com a minha mediocridade e deixo a dos outros para os outros (já nada me surpreende)!

Tudo bem, pode-se alegar que existem ou existiram pessoas e feitos que não são vulgares, que há certas "coisas" que não são mediocres e que eventualmente até nos podem servir de guia para padrões morais, éticos e religiosos pelos quais podemos reger a nossa vida.
Coloquemos esses exemplos (e cada um tem os seus) à parte e vejamos o que nos rodeia!

Atenção que não me coloco noutro plano que senão a da medíocridade também! Aliás coloco-nos a todos nós humanos, pelas condições medíocres de como encaramos e vivemos as nossa vidas.
Sou medíocre, e não tarda moerei a palvara até a mesma perder o sentido, deixar de ter relevância semântica, até não deixar de ser um aglomerado de letras sem significado. Sim isso será medíocre.

Serve-me de consolação a única definição que ainda poderá abonar á minha medíocridade: "que está entre o bom e o mau;"
Soa-me a livre arbitrio pelo menos, estou entre o bom e o mau. Ao menos tenho escolha, pelo menos assim me parece. Teremos nós escolha de escapar á medíocridade que nos rodeia?
É mais que certo que não é por este exemplo de post medíocre!

Como gostaria eu de deixar a medíocridade! Como gostaria eu de encontrar alguém que não o foi/é/será!