sábado, 27 de janeiro de 2024

grito

 É verdadeiramente os sinais dos tempos. Aqueles mesmos, descritos há milénios em vetustos livros que ganham pó na memória do homem. Nessas escrituras que alguns consideram balelas e outros o mais íntimo sacrossanto, eu indeciso, retiro conclusões directas do valor nato das suas frases transcritas. Conclusões apoiadas na minha bússola ética e moral, imperfeita e parcial que apenas conhece esta realidade, esta vivência.

A lei do mais forte impera impune. A natureza do homem não foge à do irracional, e mesmo se utilize mais protocolos, sinapses e mordomias estamos no mesmo patamar. O da violência animal crua e sem pudor. Mas a nossa capacidade inventiva e curiosa conseguiu criar novos instrumentos de tortura e formas de escamotear a condição humana. Escravos de escravos de escravos.

 Da nossa necessidade de nos conectarmos com o mundo e outros como nós, nasce o seu oposto. A renúncia ao contacto, o isolamento dentro de si. Assim se cortam laços e se quebram comunidades. Estamos condenados às eternas dualidades creio. 

Onde um dia encontrámos forças no volume dos nossos números, hoje encontramos dissidência. Em singular somos geniais em plural somos deploráveis. E nós adeptos de uma evolução exponencial corremos para uma crise existencial. Tão expeditos a aprender, tão cegos a ver os erros de ontem. Novamente dúbio e duplamente ridículo.

Lá vem o "profeta do apocalipse", esse pessimista de gema que se farta de gritar lobo por essas aldeias fora, o inconveniente do costume ou até o pessimista nato. Se assim é a única forma que me faço ouvir então espero que a minha voz nunca se cale pois já o disse e repito: tenho fé no homem mas não na humanidade.