domingo, 31 de janeiro de 2010

Re"Ciclo"

Reinvento-me das mais variadas formas para ser cada vez mais eu, mais uno. O problema é que há sempre algo que é impossivel reciclar, onde colocar então esse lixo senão num canto obscuro da minha memória? Como eu somos milhões, que nos tentamos adaptar a vida e as pessoas que nos rodeiam, e no entanto sentimos que fica sempre algo àquem , algo que nunca se transformará num producto acabado. Perfeccionismo a mais e sorte a menos.

domingo, 24 de janeiro de 2010

deixa-me algo...

Hoje foste embora lá de casa, e não deixaste nada. Absolutamente nada. Num uma escova de dentes ou uma peça de roupa, nem um tupperware esquecido. Nem deixaste o cheiro. É estranho pois sempre que vais deixas sempre algo para trás, e hoje não deveria ser excepção. No entanto já me habituei às tuas excepções, às tuas pequenas imperfeições que te compôem e que eu tento sempre integrar em mim. Mas nem essas imperfeições deixaste, nem uma carta, nem um beijo esquecido na almofada. Hoje quando chegar a casa,vou ter apenas uma ténue imagem de ti sentada no sofá, como memória. E como todas as pessoas sabem, as memórias desvancem com o tempo...

sábado, 23 de janeiro de 2010

Crepúsculo

É dificil lidar com a solidão. O mais dificil, é quando estamos acompanhados, lançamos sinais de fumo ou foguetes de sinalização, em jeito de "salvem-me que estou aqui!", e sentimo-nos sós. É olharmos nos olhos dos nossos companheiros e não nos vermos espelhados. É sorrirmos para a face vazia de quem está ao nosso lado e perceber que afinal parece que nunca nos vimos antes. É aceitar que os diálogos se tornem monólogos. É tentar reciclar uma vida, nos escombros de outra. É saber que se perdeu, mesmo quando já ganhámos. É como chorar sem lágrimas.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

The sad truth...

Há noites em que dormir acompanhado é o mesmo que acordar sózinho.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Hoje...

Deixei de me preocupar se atendes o telefone, ou se vens cá a casa, deixei de me preocupar se dormimos na mesma cama ou se jantamos à mesma hora, deixei de me preocupar se andas sózinha na rua à noite, deixei de me preocupar se tens uma palavra para me dizer, deixei de me preocupar se preferes a companhias dos outros à minha, deixei de me preocupar com o tudo e o nada.
Hoje preocupo-me comigo.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Trabalhadores de fim-de-semana

Nós, os trabalhadores de fim-de-semana, por intermédio desta carta, juramos solenemente:

- Ir trabalhar de manhãzinha enquanto tu dormes após uma noite de copos,

- Ir trabalhar de manhãzinha e encontrar todo o comércio fechado aos domingos,

- Ir trabalhar todos ressacados da noite de sexta feira passada,

- Aceitamos o gozo dos restantes 90% da população que descansa ao fim-de-semana,

- Aceitamos o facto de que nas nossas folgas aos dias de semana, não temos amigos que possam vir saír á noite connosco,

- Aceitamos o facto de não termos oportunidade de ver todas aquelas séries e filmes de jeito que passam na televisão aos fins-de-semana,

- Aceitamos o facto de nunca conseguirmos ver os jogos de futebol do nosso clube,

- Aceitamos o facto de muitos de nós não terem direito a horas extraordinárias apesar de trabalharem os domingos,

- Compreendemos a necessidade de providenciar os serviços necessários nos dias em que ninguém precisa ou se preocupa com eles,

- Aceitamos as diferenças de horário dos transportes públicos que nos atrasa a vida constantemente,

Assim o entendemos correcto e justo como de acordo com o establecido pelos padrões actuais de vida em sociedade, e abaixo assinamos.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Partir...

Às vezes tenho vontade de partir, mas não sei bem para onde. Todos os dias passo na estação de comboios e surge-me aquela ideia de me meter num! E ir para longe, para o remoto e esquecido, para onde possa ser uma outra pessoa. Ser aquela pessoa que sempre aspirei ser, uma pessoa melhor. Mas não é apenas esse o motivo, é também o encanto da viagem, desse momento de viragem onde deixamos algo para trás, dessa magia que só os comboios sabem dar, dessa canção de embalar sobre carris, desse cheiro a terra e aventura. Mas não é hoje, nem amanhã... será num dia qualquer, talvez...