quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Peregrino

"O vento embalou até ao chão a ultima folha arrancada da árvore. A hora do dia já não interessava, já era tarde demais para telefonar para quem quer que fosse. Decidi-me ir para casa quando a rua já se tinha tornado insuportável. Mãos enregeladas e lábios cortados pelo frio. O bairro estava silencioso e escuro, a luz que faltava nas ruas era compensada pela lua cheia. O som dos meus passos povoava a rua vazia. Cafés e lojas fechadas, assim como as portadas das janelas nas casas em redor. Por cada prédio que passo imagino como será por dentro. Imagino as pessoas a dormir ou a ver televisão. Àquela hora decerto que todos dormem. Também eu devia. Mas insisto em ser animal noctívago. O que esperava mesmo era ver se encontrava alguém na rua. Um sinal de que não estavam todos a dormir, que alguém estava acordado nesta cidade fantasma."

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