terça-feira, 12 de novembro de 2024

miser

As lágrimas que me percorrem o rosto não demoraram muito a aparecer. São a resposta imediata da minha procura de redenção. Talvez se me punir mais um pouco possa vir a aspirar uma réstia de esperança. De ser melhor, de ter mais, de preencher o vazio de mim. Preencher o espaço que deixamos em aberto para outro de nós, que oposto nos pareça e que nos atraia pela semelhança de ideais.

Quanto de mim terá que de esmorecer perante o tempo? Quanta maleita me porá à prova e quanta resiliencia ainda tem este corpo sem se quebrar? Escravo de deus, um Jó de piedades e futuros perdidos. Eu sou o verdugo insaciável pronto a revelar o meu cilício.

Porém, e por um egoísmo inabalável ou pela teimosia animal da minha raça, arrasto esta procissão de desvirtude, esta canção venenosa, esta ladaínha de comisero e penitencia porque no fundo o que perdura é este medo violento e assolador da escuridão. Não porque temo a solidão. Mas porque temo não ter mais luz para dar.