quarta-feira, 12 de novembro de 2025

Eles

 Empurram-te vezes sem conta. És manietado pelas vozes que te rodeiam. Já nem distingues os rostos de quem te interpela. Amigo ou inimigo já pouco interessa desde que te juntes ao coro do progresso. Dão-te a mão e esperas concordância ou sustento, mas tiram-te as forças da identidade. Curam-te as feridas e prometem-te o elixir da juventude para te roubarem o vigor da convicção. Cantam-te os sonetos de esperança mas formatam-te o destino. E tu segues, resignas e cumpres. E tu choras, ris e acenas. E depois perguntas-te "mas quem são eles" sem perceberes que tu já fazes parte do todos nós.