Pelos caminhos tortuosos da fala libertam-se desejos de concordância. Pela fala e todo o seu acumulado de sons ancianos exprime-se imagem e ideia, procura-se o interpretar das emoções, afia-se o silex da lógica. Pelo som do meu choro, alimento o medo no homem mas pelo som do meu riso convido-nos à cumplicidade propria do sentimento ebriático e fraternal de quem provém da mesma génese.
Pela voz comanda-se acções e contracções, promove-se o estandarte e a cor. Uma voz pelo destino de tantos, uma ideia presa à linguagem que a molda e transforma. O metal macio com que se forma alianças e se destrói impérios. A vontade aliada ao som, como as trompas de jericó aliadas à fé de quem as empunha.
O que queremos uns dos outros valida-se e mente-se em canção aberta, diálogos e monólogos tão velhos como o tempo que os constroem. Procura-se veracidade no conto popular, na repetição das gerações dentre o legado que a torre de babel nos deixou e hermes fez acreditar. É isto que chamamos lingua, e os seus derivados, o amparo do homem ou a volúpia do seu ego.
Num mar tortuoso entre emoções, ideias e expressão, navega a vontade de verbalizar. Como a materialização de uma meta-cogniçao, cuja vontade impulsiona uma mente em circuito fechado de pensamentos a expelir os devaneios da sua própria prisão.
ResponderEliminarPorem a procura por correspondência na realidade, é o santo graal da motivação, e traz de volta a vida a moribunda existência solitária dos nossos pensamentos. Difícil por vezes aceitar que existem imensuráveis construtos, e que essa mesma correspondência nem sempre poderá encontrar a sua alma gémea.
Nem sempre é claro que os vários tons cinza derivados do senso comum tipicamente preto e branco, serão só por si motivo para serem paridos em ondas sonoras por vezes desconcertantes. Sendo nos biologicamente sociais, e por sua vez sedentos de conecçao, agilidade da perspectiva subjectiva terá de ser digna de uma medalha de ouro em triatlo, para que cada um de nós se sinta num santuário expressivo, e dar asas á verbalizaçao sem que caia como icaro no desejo de querer voar mais alto.
Numa perspetiva cósmica, a verbalização é a verdadeira ferramenta Humana de criação, pois nos biliões de electroes das fendas sinápticas, tal como um CERN portátil, estarão a génese das ondas sonoras expelidas pela nossa boca, do micro ao macro a magia da materialização acontece, tal como no universo um bosão de higgs aplica a gravidade devida.
Como tal somos criador e interprete, influenciadores e influenciados, produto de tudo vindo do nada... e ter um especial cuidado com o que verbalizamos para o mundo e especialmente para nos próprios, deverá sempre ter uma especial relevançia, pois será a construção, da nossa própria realidade.